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O pai do menino Yan Gabriel Marques, de 12 anos, um dos quatro mortos baleados em menos de 24 horas em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, definiu o filho como uma criança alegre e que amava o futebol. Segundo ele, nada vai apagar a dor da família.
“Nem o tempo vai curar essa dor que a gente está sentindo. Eu, a mãe dele, o padrasto, os familiares dele. Mais uma criança indo para a estatística. Só ficou a tristeza e as lembranças boas. A gente tenta ficar com a lembrança boa”, afirmou o pai de Yan, que preferiu não ser identificado.
A escolinha de futebol onde o menino participava de atividades suspendeu as aulas em luto pela morte. O programa Mais Saúde, Lazer e Simpatia postou um cartaz de condolências após a tragédia.
“O meu filho era uma criança alegre, uma criança cheia de sonhos, que estava feliz porque tinha entrado na escolinha de futebol, pois ele começou a gostar de futebol, amar o futebol. A mãe dele o matriculou na escolinha. Ele vivia naquele campo jogando bola. Chegava da escola, fazia as coisas dele, ajudava a mãe e vivia no campo jogando bola”, contou o pai.
De acordo com as investigações da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), Yan Gabriel estava em uma festa do filho de um miliciano com outras crianças quando houve um tiroteio — iniciado, segundo testemunhas, pelo pai do aniversariante.
Convidados relataram que um carro suspeito começou a rondar o Campo Santa Lúcia, no Jardim Pernambuco, e o miliciano acabou atirando. Houve revide, e Yan foi alvejado.
Testemunhas também dizem que o tiro que matou Yan foi disparado por paramilitares liderados por Gilson Ingrácio de Souza Junior, o Juninho Varão, que tenta tomar a região de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho.
Socorrido, Yan não resistiu aos ferimentos. O enterro do garoto aconteceu na tarde deste domingo (9) no Cemitério Municipal de Mesquita, também na Baixada.
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Yan Gabriel Marques — Foto: Reprodução/ TV Globo
A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense investiga se as mortes de Yan e de outras três pessoas têm relação com a disputa entre Zinho e Varão.
No sábado, Fábio da Silva Assumpção, de 58 anos, foi encontrado morto em um bar, na Travessa Barbosa, no bairro Austin. A vítima, segundo a polícia, foi morta em um ataque a tiros no fim da tarde.
Nas redes sociais, testemunhas contaram que os tiros partiram de um carro que passou em frente ao bar e que Fábio seria Fabinho Testa, integrante de uma milícia que atua na região.
Além de Fábio, Alessandro Barata e Alexia de Melo, pai e filha, também foram alvejados. Ambos foram socorridos e levados para o Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI), na Posse.
Segundo a direção da unidade, Aléxia levou um tiro na coxa esquerda. Ela foi atendida e liberada logo em seguida. Já o pai, Alessandro, sofreu uma lesão no fígado, passou por uma cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos.
Já na madrugada de domingo, Lucas Ribeiro, de 21 anos, foi morto a tiros na Rua Olga Machado Guimarães, no Engenho Pequeno.
Juninho Varão foi um dos homens fortes de Danilo Dias Lima, o Tandera. Após um golpe no chefe, Varão teria criado seu próprio grupo e hoje domina Cabuçu, Palhada, Valverde e Grão-Pará, em Nova Iguaçu. Ele tem passagens na polícia por homicídio, tortura e organização criminosa.
Já Zinho ascendeu ao posto de comandante da maior milícia do estado há pouco mais de um ano, com a morte do irmão Wellington da Silva Braga, o Ecko.
Ecko, que foi um dos responsáveis por expandir os domínios do grupo, foi morto pela polícia em 12 de junho de 2021, na comunidade de Três Pontes, em Paciência, um dos redutos de seu poder.
Hoje, Zinho está na lista dos mais procurados do estado e figura em constante conflito, por disputa de território e influência contra Tandera, o principal rival.
