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'Casada com milícia': polícia quer que acusada de racismo prove ser médica e explique suposta ligação com bandido







A Polícia Civil vai ouvir novamente Amanda Queiroz Ornela, a mulher acusada de racismo contra um cliente do McDonald's de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio.

Os investigadores querem que ela apresente o registro profissional de médica, que não foi encontrado pelo Conselho de Medicina (Cremerj), e explique a afirmação de que ela seria mulher de um criminoso – "Casada com milícia! Beijo!", debochou.

Amanda também aparece dizendo, sem nem se preocupar com a filmagem, que "odeia preto". Disse ainda que "racismo não dá cadeia" – ao contrário do que diz a lei.

O fato foi registrado com base na nova lei de racismo, que equipara o crime de injúria racial ao de racismo, que é inafiançável e imprescritível.

Entenda a nova lei

O crime de injúria racial é caracterizado quando a honra de uma pessoa específica é ofendida por conta de raça, cor, etnia, religião ou origem. Já o de racismo ocorre quando o agressor atinge um grupo ou coletivo de pessoas, discriminando uma raça de forma geral.

Antes da lei, a pena para injúria racial era de reclusão de um a três anos e multa. Com sanção da nova lei, a punição passa a ser prisão de dois a cinco anos. A pena será dobrada se o crime for cometido por duas ou mais pessoas.

A polícia disse que pretende ainda ouvir mais testemunhas e conseguir outros vídeos.

OAB vê flagrante em crime inafiançável

Para Rodrigo Mondego, da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), as imagens são prova suficiente do crime e Amanda deveria ter sido presa em flagrante e que vai acompanhar para que o crime seja "melhor qualificado".

"Desde janeiro desse ano, a injúria por preconceito, injúria racial, é equiparada ao crime de racismo, ela já está dentro da lei de racismo. Configura um crime inafiançável, imprescritível, e no caso houve uma flagrância. Era flagrante que ela cometeu aquele crime, ela deveria ser presa", afirmou o advogado.

Os ataques

A vítima do racismo é o jovem Mattheus da Silva Francisco, de 22 anos. A confusão foi no McDonald's de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio.

"A gente parou ao lado dela pra fazer pedido de lanche porque não tinha fila. A atendente nos atendeu antes dela. Aí, ela se revoltou contra a gente e começou a insultar a gente. Disse que eu era preto, que eu não conseguia chegar a nenhum lugar devido à minha cor e o lugar onde eu moro", contou Mattheus à TV Globo.

Em meio à confusão na lanchonete, Mattheus se isolou num canto, observando e chorou.

"Muito mal de não poder fazer alguma coisa no momento e não ter a quem recorrer. Nunca pensei em passar por uma situação dessas. Mais um desgosto de saber que existem pessoas que acham que a gente não tem capacidade de chegar em lugares grandes devido à nossa cor", disse ao RJ1.

Os diálogos

A confusão começou depois que Amanda disse que a fila do caixa foi furada e começou a insultar Mattheus. Ele e outros clientes – que se mobilizaram para defender Mattheus – passaram a gravar o bate-boca. O momento exato da suposta primeira ofensa não foi registrado.

  • Mattheus: Agora fala que eu sou preto!
  • Amanda: Preto! Ué, tu é branco?
  • Mattheus: Você me chamou de preto, vai, fala.
  • Outra cliente: Fala da forma que você falou aqui na frente de todo mundo!
  • Amanda: Amanda Ornela, médica, caça aí o CRM.
  • Outra cliente: E racista!
  • Amanda: Racista! Odeio preto. Odeio preto. Sou obrigada?
  • Outro cliente: Você acha que pode ter esse ato de racismo aí só porque você tem dinheiro?
  • Amanda: Racismo não dá cadeia!
  • Outra cliente: Vai perder a noite na delegacia, vai gravar na delegacia, vai ficar gravadinho lá... Sabe por quê? Racistas não passarão!

"A Amanda começou a arrumar uma confusão, falando que eles estavam furando fila, e empurrar o Mattheus. No meio da confusão, ela começou a gritar: 'Eu sou muito melhor, eu tenho formação'. Vendo aquilo, eu me indignei e acabei me envolvendo na situação. [Disse que ] Eu também era "preta favelada", que meus filhos não seriam anda", contou a estudante Geovana Canedo, testemunha do caso.

Clientes impediram que ela fosse embora até a chegada da Polícia Militar, que a levou na viatura até a 35ª DP (Campo Grande), onde Mattheus prestou queixa. Em um primeiro momento, Amanda negou as acusações, mas depois manifestou o desejo de ficar em silêncio e foi liberada.

Questionamos o por que Amanda foi liberada. A Polícia Civil informou que as imagens apresentadas foram incluídas ao procedimento. No entanto, não capturaram a conduta criminosa e, sim, o momento posterior.

'Médica', mas sem registro

Mesmo na delegacia, a mulher insistia em dizer que era médica.

"Vão me segurar, tô devendo a ele, beleza, tô errada, show... vamos para a sentença, mas pô, me segurar aqui tá errado”, argumentou.

Um policial perguntou se ela realmente era médica. “Médica psiquiatra, porque para ser psiquiatra tem que ser médica, filho, 8 anos”, respondeu.

O Conselho Regional de Medicina (Cremerj), no entanto, disse que não identificou nenhum registro no sistema no nome dela.

Para Rodrigo Mondego, a mulher pode ainda ser enquadrada por falsidade ideológica se ficar provado que não é médica.

"No registro de ocorrência, ela é qualificada como médica. Configuraria também um flagrante do crime de falsidade ideológica ao mentir, como ela fez."

O que dizem os citados

Procuramos a defesa de Amanda Ornela, mas não teve resposta.

Sobre o fato de amanda não ter sido presa, a Polícia Civil informou que o delegado responsável pelo caso disse que existem mais vídeos do que ele recebeu, e nos vídeos vistos pela polícia, não havia conduta criminosa.

Ainda de acordo com a nota, a legislação mudou, mas isso não extingue o crime de injuria por preconceito que, segundo o delegado, também se enquadra na descrição. Nada impede, no entanto, que a tipificação mude para crime de racismo ao longo da investigação.

Em nota, a Polícia Militar informou que uma equipe do batalhão de Campo Grande foi até o local e conduziu os envolvidos à delegacia para registro do fato. De acordo com a corporação, os policiais que foram até o estabelecimento não presenciaram o momento em que a acusada fez as declarações racistas.




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